Friday, July 29, 2005

Túnel de Ceuta...Afinal que solução?

Não comentei a notícia publicada na véspera pelo “Comércio do Porto”, por me parecer algo estranha a solução apresentada, com a saída do túnel antes da Rua D. Manuel II.
O facto de tal solução ser apenas referida por um dos jornais, convidava, também, à contenção.
Afinal as notícias de hoje referem que a saída do Túnel deverá ficar mais à frente ou seja:
Segundo o “Público”:
“Câmara do Porto e IPPAR chegaram a um consenso para a obra polémica: saída do canal subterrâneo poderá ficar localizada antes do cruzamento das ruas de D. Manuel II e Adolfo Casais Monteiro
A saída do Túnel de Ceuta deverá ficar algumas dezenas de metros à frente do previsto: depois do Museu Nacional Soares dos Reis e antes da Reitoria da Universidade do Porto.
Esta solução pode pôr um ponto final no conflito entre a Câmara do Porto e o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR)”
Segundo o “Comércio do Porto”
“a boca do túnel vai afastar-se do Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR), devendo avançar uns metros em relação à proposta chumbada pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR).
Contudo, a saída do túnel não deverá chegar ao cruzamento com a rua de Adolfo Casais Monteiro, como o Instituto chegou a sugerir.”
Segundo o “Primeiro de Janeiro”
“Ou seja, o que estará decidido concretizar, ainda que a autarquia nem o ministério o queiram confirmar, será um prolongamento com saída na Rua D. Manuel II adiante do Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR), um pouco antes do cruzamento com a Rua Adolfo Casais Monteiro

Devemos então concluir, pela leitura das notícias, que é de esperar que tenha sido, finalmente, encontrada uma boa solução.
Uma solução que, por um lado garante um menor impacto no património protegido, mas que, por outro, permite ainda assim concluir as obras rapidamente, sem um grande aumento de custos e sem causar graves constrangimentos ao trânsito.
Mais, devemos ainda concluir que esta solução foi apenas encontrada, graças à intervenção da nova Ministra da Cultura (do PS) e à firmeza com que o Sr. Presidente da Câmara do Porto (do PSD) defendeu a procura de uma solução de “bom senso”, não cedendo ao “autismo” demonstrado pelos funcionários, de baixo nível, do IPPAR, que nunca demonstraram uma visão abrangente que permitisse sair do impasse.
Fica assim demonstrado que a solução para os impasses, tantas vezes criados por burocratas sem rosto (os tais “especialistas”), terá que ser encontrada pela negociação entre responsáveis políticos (eleitos, se possível) dado ser essa a única forma de encontrar soluções abrangentes e de “bom senso”.

FALÁCIA EM ESTADO PURO !

Mais uma vez a comunicação social esquece (?), ou tenta esconder, que a solução que parece agora ser a ideal, terá sido, em devido tempo, sugerida pelo responsável do IPPAR, a fazer fé nas suas afirmações proferidas na parte final do debate da OA, no MNSR, e nas imagens das diversas soluções propostas pelo IPPAR que aí apresentou.

Já antes escrevi : “Afinal…ou, reflexões sobre um debate”
“Assim fiquei, nessa sessão, a saber,que o IPPAR estaria a tentar impor, como ÚNICA alternativa uma solução com saída da boca do túnel após o cruzamento com a rua Adolfo Casais Monteiro, que implicava a diminuição de uma faixa de rodagem.Caso tivesse ido, apenas, ao debate da OA poderia ter acreditado na declaração do presidente do IPPAR de que, apesar de não ser essa a sua obrigação, se tinha disponibilizado a colaborar com a CMP na procura de outras soluções, disponibilizando-se até a aceitar o prolongamento do Túnel, não insistindo na alternativa exclusiva do seu recuo até à posição inicialmente projectada, e apresentando até três alternativas de solução.”

Ou seja a CMP irá agora aceitar uma solução das que lhe foram, em devido tempo, apresentadas pelo IPPAR e que não aceitou em devido tempo, preferindo ocultar essa solução conforme referi no comentário “Túnel de Ceuta: a versão da autarquia, com as imagens

”No parecer emitido e enviado à autarquia, o IPPAR sugere duas hipóteses:ou o recuo para a zona do Hospital, contradizendo-se a si próprio relativamente ao despacho anterior ou o prolongamento para o início da Rua de Júlio Dinis.
A CMP recorreu então para IPPAR nacional, que apresenta uma nova versão, desta feita junto à porta da Reitoria, precisamente no local onde a rua é mais estreita…”
Já foi afirmado pelo IPPAR que “o recuo para a zona do hospital” não contraria qualquer despacho anterior, mas a CMP continua a insistir nesta mentira.A CMP teima em esconder a sugestão de prolongamento para antes do cruzamento (os tais 90 metros) referindo apenas a versão com saída junto à reitoria (os tais 180 metros)”

E, posteriormente em O "Suspense" aumenta... “
“Continuo a só ler referências, na imprensa e no site da CMP à alternativa após o cruzamento com a Rua Adolfo Casais Monteiro (a tal que reduz uma faixa de rodagem(?)).Só eu é que reparei na alternativa (apresentada pelo presidente do IPPAR) antes do cruzamento (a que parece não acrescentar tanto custo e tempo, nem reduzir qualquer faixa de rodagem) ???Os Srs. Jornalistas talvez pudessem ajudar a esclarecer melhor um bocadinho, não?”

A verificar-se a opção pela solução hoje avançada pelos jornais, e enquanto aguardo, com grande curiosidade, quer as justificação da CMP, do IPPAR e do MC, bem como os comentários a tudo isto por parte dos Srs. Jornalistas, penso que só posso reforçar a suspeição antes formulada:

Os “políticos” (pelo menos os actuais) decidem a sua forma de actuação com base em dois princípios, um deles aceite, sem discussão, por “toda” a sociedade:Em “democracia” a maioria dos eleitores decide os resultados das eleições.Um outro, operacional, e não formulado:A maioria dos eleitores é intelectualmente inepta. (naturalmente procurei aqui reformular o meu original “são burros”)”

Em conclusão, este assunto já podia, há muito, estar resolvido, caso tivesse havido “bom-senso” e, acima de tudo, seriedade por parte da Câmara Municipal do Porto.

A responsabilidade por estes atrasos, pelo esbanjamento de recursos inerente, bem como pelo clima de agitação criado são, exclusivamente, da responsabilidade da Câmara Municipal do Porto.
A comunicação social, mais uma vez, falhou (espero que por incompetência) na sua missão de informar devidamente e com isenção.
Resta-nos aproveitar os ensinamentos que este assunto proporcionou.

António Moreira

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