Friday, July 29, 2005

Afinal…

ou, reflexões sobre um debate
(Publicado n"A Baixa do Porto" em 17.03.05)

Afinal quem foi, apenas, ao debate de ontem, promovido pela Ordem dos Arquitectos, na esperança de ficar devidamente esclarecido quanto ao problema do “Túnel de Ceuta”, viu a sua esperança defraudada.
Afinal quem foi, apenas, ao debate de ontem, teve, unicamente, a oportunidade de ouvir as explicações de alguns técnicos responsáveis por algumas das soluções anteriores, a posição do presidente do IPPAR, a opinião do responsável por uma associação de direito privado e, para defender as posições da CMP, apenas um dos engenheiros responsáveis pela empresa privada que elaborou o projecto.
Afinal assim não era possível que a posição defendida pela CMP fosse claramente explicada e realçadas as suas virtualidades, por quem estava mais habilitado a fazê-lo, pelo que o resultado deste debate traria, necessariamente, apenas uma visão parcial do problema.
Afinal, para se ficar completamente esclarecido, era necessário ter assistido aos dois eventos.
Ao debate promovido pela OA, amplamente divulgado, e para o qual tinham sido convidadas todas as partes, com o claro propósito de criar apenas confusão, e à “Sessão de Esclarecimento”, divulgada na véspera, por SMS, a militantes do PSD, que se destinava apenas a esclarecer quanto às, correctas, posições da CMP.
Assim, como já calculava que, no debate da OA, não fosse dada a justa oportunidade ao Sr. Presidente da CMP (ou a quem ele delegasse) para explicar clara e convenientemente as virtualidades do “seu” projecto, optei por assistir também à “Sessão de esclarecimento” de forma a ficar devidamente elucidado.

Assim fiquei, nessa sessão, a saber:
Que a necessidade da criação de uma segunda saída do túnel e do seu prolongamento até à Rua D. Manuel II, tinha sido motivada pelo facto do responsável do IPPAR Porto ter chumbado a saída junto à ala poente do Hospital de Santo António, para além das claras melhorias no trânsito que iria proporcionar.
Caso tivesse ido, apenas, ao debate da OA poderia ter acreditado na declaração do responsável do IPPAR Porto de que o IPPAR nunca tinha chumbado essa solução.

Assim fiquei, nessa sessão, a saber:
Que o IPPAR, pelo facto de não ter aceite uma proposta da CMP, tinha a obrigação de apresentar uma proposta alternativa.
Caso tivesse ido, apenas, ao debate da OA poderia ter acreditado na declaração do presidente do IPPAR de que não existia essa obrigação, por parte do IPPAR, mas sim que competia à CMP apresentar proposta alternativa que tivesse condições de ser aceite pelo IPPAR.

Assim fiquei, nessa sessão, a saber:
Que o IPPAR estaria a tentar impor, como ÚNICA alternativa uma solução com saída da boca do túnel após o cruzamento com a rua Adolfo Casais Monteiro, que implicava a diminuição de uma faixa de rodagem.
Caso tivesse ido, apenas, ao debate da OA poderia ter acreditado na declaração do presidente do IPPAR de que, apesar de não ser essa a sua obrigação, se tinha disponibilizado a colaborar com a CMP na procura de outras soluções, disponibilizando-se até a aceitar o prolongamento do Túnel, não insistindo na alternativa exclusiva do seu recuo até à posição inicialmente projectada, e apresentando até três alternativas de solução.

Assim fiquei, nessa sessão, a saber:
Que o IPPAR, estaria a tentar impor apenas por objectivos politico/partidários uma posição contrária a este executivo camarário e à cidade, não tendo o “bom senso” de dialogar com a CMP na procura das melhores soluções.
Caso tivesse ido, apenas, ao debate da OA poderia ter acreditado na declaração do presidente do IPPAR de que, sempre estiveram abertos ao diálogo, de que não aceitava qualquer insinuação de objectivos politico/partidários e que se mantinha aberto ao diálogo e análise de todas as alternativas.

Naturalmente que o facto de, apesar de convidado, o Sr. Presidente da Câmara, ter decidido não comparecer a este debate, poderá ser aproveitado por alguns para considerar essa “ Ausência lamentável de representantes da Câmara (e em particular de Rui Rio), apesar de terem sido convidados. Desrespeito pela cidade, na minha opinião. Ou consciência pesada. Mas a autarquia não se coibiu de mandar abrir o túnel para uma pequena manifestação uns minutos antes de começar o debate…”Ou mesmo para comentar que: Bastaria ter ido ao debate ontem, ao qual a Câmara recusou ir, para perceber que será fácil e rápido encontrar uma solução desde que ambas as partes estejam dispostas a conversar. Apesar dos seus defeitos todos, o IPPAR ontem apareceu; a Câmara não."

Pura “falácia”, meu caro Tiago, mas explico:
Quantos de nós, caso tivéssemos a estatura moral do Sr. Presidente da Câmara, depois de afirmar na comunicação social que os “actuais responsáveis do IPPAR, eram «burocratas de fraca qualidade» e tivéssemos de “ lamentar a falta de nível e de respeito pela cidade do Porto que esta administração do IPPAR demonstrou” e ainda que lamentávamos “profundamente que se tenha nomeado gente desta para um cargo de elevada responsabilidade. Não têm nível nem categoria para ocupar aquele lugar” enquanto íamos reunindo com os mesmos responsáveis em “clima de grande cordialidade e consonância
Nos sujeitaríamos depois a participar num debate público com tal gente?

Assim, claramente, não deve ser assacada a responsabilidade pelo menor esclarecimento à falta do Sr. Presidente da Câmara, ou restante vereação, mas sim à OA que não soube prever esta situação, e insistiu em convidar o presidente do IPPAR e o seu representante no Porto, prejudicando assim, fatalmente, a discussão.
Quem, na realidade, pretendia ser esclarecido, tinha a natural obrigação de ser possuidor de um dos tais telemóveis com direito a SMS, que garantem o direito à informação das actividades relevantes para a nossa Cidade, em vez de se limitarem a procurar a informação na comunicação social ou no site da CMP.

Num tom mais sério:
Da presença nos dois eventos fiquei convencido que a solução mais razoável para um problema que deve ter uma solução célere, mas equilibrada seria:
Interromper o túnel, na posição onde estava, previamente prevista a sua saída, ou seja junto à ala oeste do Hospital de S. António. (fazendo aí as duas saídas em vez de apenas uma).
Tapando, naturalmente, o buraco entretanto acrescentado e refazendo o piso.
Isto permitiria a conclusão rápida (e com menores custos desta obra) acabando com os problemas causados aos moradores por estas obras infindáveis, não condicionando, de forma alguma, eventuais prolongamentos futuros.
Repensar toda esta situação, envolvendo naturalmente eventuais alterações ao trânsito (como, tão acertadamente o Sr. Tiago Fernandes lembrou).
Que todo o processo a desenvolver no futuro fosse feito de forma aberta, ou seja com informação pública suficiente (e verdadeira).
Que todos os intervenientes tivessem um comportamento adulto.

Cumprimentos
António Moreira

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