Friday, July 29, 2005

Sessão de Esclarecimento da CMP

Sobre o “Túnel de Ceuta”

Tive conhecimento, por um amigo, militante do PSD, da realização de uma “Sessão de Esclarecimento” sobre o “Túnel de Ceuta”, promovida pela CMP e convocada por SMS, a realizar na Biblioteca Almeida Garrett, no dia anterior ao debate, promovido pela Ordem dos Arquitectos, a realizar no auditório do MNSR.
Fui ao site da CMP, procurar informação, sobre esta sessão, e não encontrei nada, temendo que fosse engano, liguei para a CMP, para a Linha Directa de Informação: +351.22.2097005, o cavalheiro que me atendeu não sabia de nada e passou-me para a “imprensa”, fui então atendido por uma senhora que…. também não sabia de nada, pediu o meu contacto e disse que “ia perguntar ao “pelouro” e, depois, ligava a informar……

Continuo a aguardar.

Entretanto liguei para a Biblioteca Almeida Garrett, onde a senhora que me atendeu, prontamente me confirmou a realização da dita sessão promovida pela CMP.

Assim que o Inter marcou o terceiro golo, lavei os dentes, vesti-me e fui então para a Biblioteca.
Cheguei cerca das 22 horas, pelo que não assisti ao início da sessão.
Decorria uma apresentação em “PowerPoint” com a qual, dois engenheiros (?), suponho que os responsáveis pelo projecto, apresentavam as suas virtualidades em confronto com a solução proposta (?) pelo IPPAR.
(abro aqui uma nota para dizer que também ainda não percebi lá muito bem esta teoria de que “quem chumba uma proposta tem que apresentar uma alternativa”, mas vou experimentar esta teoria na próxima vez que algum polícia me impeça de estacionar num local proibido)

Fiquei a saber que a solução da CMP permitia a manutenção das quatro faixas de rodagem e ainda permitia o alargamento do passeio de 2 para cinco metros, enquanto que a solução proposta (?) pelo IPPAR obrigava à eliminação de uma faixa de rodagem e os passeios mantinham-se estreitinhos ou ainda mingavam (!).
Não posso dizer, na verdade, que tenha compreendido lá muito bem como é que a mesma causa dava resultados tão diferentes numa e na outra situação, mas como os senhores eram engenheiros, a coisa devia estar certa……
Estranhei o facto de, durante a sua apresentação, os referidos engenheiros, a maior parte das vezes se esquecerem de dizer que “ a solução da câmara será muito melhor” dizendo, em vez disso “ a solução da câmara seria muito melhor”, mas enfim.
Após essa apresentação, um dos senhores que estava na mesa, deduzo que seria algum vereador da CMP, dado que se apresentava bem vestido e bem penteado, com “look” muito “jovem empresário”, fez o historial de todos os males causados à Cidade pelos anteriores presidentes de câmara, bem como pelo malfadado IPPAR.
Apesar disso, explicou, todo esta alteração ao projecto foi realizada em diálogo cordial e ambiente de extrema consonância com o IPPAR :-O
Seguiu-se então um espaço destinado a perguntas da audiência.

A audiência

Bem a audiência parecia ser constituída por pessoas que recebem SMS do PSD nos seus telemóveis, talvez alguns amigos, alguns senhores “presidentes da junta”, alguns comerciantes da zona e uma tal Dona Laura (que eu já vi na televisão) e suponho que é presidenta da associação dos lojistas cá do burgo.
Diversos participantes, que se identificaram como tripeiros de gema e comerciantes da zona expressaram, em tom de veemente indignação, o que pensavam “dessa gente do IPPAR” e que era exactamente o oposto do que sentiam pelo “nosso presidente” que tão corajosamente tem tentado pôr um fim à sua miserável situação, não se coibindo de garantir que “O túnel há-de ir para a frente, se não for a bem vai a mal”.

Outros, mais poéticos, enalteceram as virtudes do “Homem do Porto”, levaram-nos a fazer uma visita ao magnífico património da nossa cidade e descreveram todas as aleivosias que, contra este, sempre o IPPAR praticou.
Um ou outro “presidente da junta” lá foi dando uma ajuda, explicando quais eram as questões que tinham que ser colocados, amanhã (hoje) a esses senhores do IPPAR e que, fariam questão, de ser eles mesmo a formulá-las.
A tal dona Laura, também disse qualquer coisa, que não percebi muito bem, mas acho que tinha a ver com as qualidades morais e humanas de quem defende a solução da CMP em contraponto com a total falta das mesmas dos que, eventualmente, ousem ter dúvidas.
Todas estas intervenções foram ovacionadas pela plateia como verdadeiros golos na baliza do Inter.
Mas, apesar de todos os esclarecimentos prestados pelos senhores engenheiros, pela mesa (pelo tal senhor da mesa ;-) e pelos tais senhores presidentes da junta na audiência, ainda tinha que sobrar um paspalho que, afinal, tinha uma dúvida!

E, não lhe passando pela cabeça duvidar da bondade da alteração do projecto ou dos métodos da CMP, só não compreendia por que é que, afinal, com um projecto tão bom, ainda por cima desenvolvido em cordial diálogo e consonância com o IPPAR, ainda assim tenham resolvido não pedir o necessário parecer prévio e, em vez disso, avançaram com uma obra ilegal, sujeitando-se agora a um embargo e ocasionando esta trapalhada toda.

Dado ter sido esta a única dúvida formulada e, após terem cessado os cordiais comentários da plateia relativos às qualidades morais do dito paspalho e, naturalmente, de toda a família, o tal senhor da mesa, pacientemente tornou a desfiar o rol de todos os males causados à Cidade pelos anteriores presidentes de câmara, bem como pelo malfadado IPPAR.

Após uma segunda ronda de “questões”, em tudo semelhante à primeira, na qual apenas foram um pouco mais veementes no que respeita à caracterização de quem possa por um minuto duvidar de que lado está a razão, e na qual o mesmo paspalho, se viu obrigado a confessar que, afinal, ainda não tinha percebido a razão para não ter sido pedido o tal parecerzito, o senhor da mesa, ainda mais pacientemente, lá tornou a explicar todas as maldades praticadas por um tal Gomes um Cardoso e, naturalmente o tal IPPAR.

Como entretanto a noite já ia avançada, sim, já eram 23.15, o tal senhor resolveu acabar com a sessão, não sem agradecer a presença de todos, relembrar que amanhã (hoje) “é que tudo vai estar em jogo” (fiquei a saber) e pedir às pessoas para pegarem nas folhinhas que tinham à saída onde tudo estava explicado, nomeadamente a refutação, ponto a ponto, do tal parecer negativo do IPPAR.

O paspalho confessa que saiu tão esclarecido quanto entrou, esperando que no dia seguinte (hoje) a sua dúvida venha a ser, finalmente, respondida.

Um abraço
António Moreira

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