Cara Cristina Santos
Não pude responder-lhe mais cedo, mas, felizmente, as questões por si colocadas foram já esclarecidas, de forma soberba, pelo seu homónimo Raul Santos, pelo que me vou limitar a mais algumas considerações sobre o tema:
Não é indiferente, muito menos preferível, pagar "em géneros" em vez de pagar "a dinheiro", Primeiro porque o valor dos géneros utilizados para efectuar essa substituição (sejam terrenos ou direitos de construção, p. ex.) é "manipulável" e, por isso sujeito a instrumentalizações ou, pelo menos a interpretações.
Segundo porque, ao contrário do carácter "abstracto" do "dinheiro", os géneros assumem, na maioria dos casos, um carácter bem concreto e, por vezes, extremamente condicionador se não insubstituível, como é, claramente, este caso ao utilizar como moeda de troca o terreno que estava destinado à construção do Conservatório de Música.
O que nos leva ao segundo, e mais importante, aspecto.
O projecto "Casa da Música" não contemplava apenas a construção de um novo edifício que, pela sua qualidade arquitectónica, se transformasse num novo "ex-libris" da cidade e que, ao mesmo tempo, desempenhasse as funções de "casa de espectáculos".
Era, para além disso e fundamentalmente um projecto CULTURAL na área da Música com objectivos concretos e bem definidos (e que pena não vir aí o Pedro Burmester ajudar-me…)Ora é esse projecto, de que fazia parte, naturalmente, a construção do Conservatório de Música junto à Casa da Música, que Rui Rio, com esta maravilhosa "solução", compromete ainda mais e, se calhar, de forma definitiva.
Cara Cristina a cidade não é, não pode ser, apenas uma coutada para interesses imobiliários nem uma montra do que melhor se faz em arquitectura, a cidade é acima de tudo VIDA, a vida de PESSOAS, pessoas que nascem e morrem, mas se sucedem, havendo contudo uma constante ligação entre as pessoas que se sucedem e entre estas e o espaço que vão sucessivamente ocupando, essa ligação é que é CULTURA.
Cumprimentos
António Moreira
Friday, July 29, 2005
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