Friday, July 29, 2005

Os “Abaixo Assinados”…

..E a eficácia

Tive conhecimento pelo “Comércio do Porto” que foi enviada uma “Carta aberta” ao Governo, com 158 assinaturas, “exigindo que este se pronuncie rapidamente sobre as intervenções da Metro do Porto previstas para a Avenida da Boavista, área da Reserva Ornitológica do Mindelo (Vila do Conde), e envolvente do Hospital de S. João”.
Não estando transcrita essa carta, na totalidade, algumas das frases transcritas na referida notícia fazem-me pensar que, caso tivesse tido conhecimento atempado da mesma, possivelmente a teria assinado.
Atrevo-me a pensar que muitos outros teriam feito o mesmo, caso tivessem tido a oportunidade.
Apesar de muitos de nós apenas procurarmos informação, e verificamos assim a sua falta, quando os assuntos nos afectam directamente, é também verdade que cada vez vai sendo maior o número daqueles que se interessam, que reivindicam o direito a informação completa, correcta e atempada, por parte dos organismos locais e centrais, e que, cada vez mais, se vão fazendo ouvir as vozes dos que entendem que a discussão pública deve anteceder as decisões, não aceitando a lógica do voto como um “cheque em branco”, válido por quatro anos.
Quer por via de abaixo-assinados, quer de cartas abertas, quer de “blogs”, tertúlias e debates, muitos cidadãos do Porto mostraram já que estão dispostos a abdicar de parte do seu tempo para se informarem, para discutirem e para ajudarem na procura das melhores soluções para a sua cidade.
Demonstraram já também que não ficam “pasmados” com as assinaturas de “arquitectos de prestígio”, nem subjugados com os pareceres de “especialistas” e, muito menos, calados perante as imposições de “eleitos”.
Que compreendem, claramente, que o poder que delegam nos seus representantes eleitos é, apenas, o poder de executar as SUAS decisões e não o poder absoluto de decidir sem os informar nem ouvir, muito menos o poder de decidir e actuar sem respeitar as mesmas regras que lhes impõe.
Que compreendem, finalmente, que um projecto ou uma solução, não é “de direita” ou “de esquerda”, do PSD ou do PS, é, tão somente, BOA ou MÁ, melhor ou pior que outras, e que, apenas por isso, deve ser analisada, discutida, avaliada e decidida.
Falta agora encontrar os meios de acrescentar eficácia a esta realidade.
Não é dispersos em abaixo-assinados, cartas abertas, “blogs”, tertúlias ou debates diversos que vamos ser eficazes.
Não é também em hipotéticas “associações dos amigos do Porto” à moda antiga.
Continuo a entender que “A Baixa do Porto”, com o formato de “blog” aberto a todos é um primeiro passo.
Espero que oportunidade criada pelo debate da OA tenha permitido, a muitos, a constatação da realidade dos partidos, demonstrando que a actuação nunca poderá ser eficaz, por essa via, por mais “reconversões” ou “refundações” que se proponham.

As soluções tem que ser inventadas, implementadas e impostas por nós,
Juntos

António Moreira

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