Friday, August 19, 2005

Um conselho de amigo



Se todos os seus colegas foram de férias e não tem com quem implicar no trabalho.
Se apesar de tanto lamber as botas ao chefe a tal promoção que devia ser para si, foi para o “mosquinha morta” do gabinete ao lado.
Se agora já não sabe como é que vai pagar as prestações da grande máquina que mandou vir quando o futuro parecia risonho.
Se entretanto a(o) mulher(marido) o(a) deixou e levou com ela(e) os miúdos por já não suportarem o seu mau feitio.
Se a(o) sua(seu) nova(o) namorada(o) não se parece com nada e só o(a) atura por, como você, já não ter grandes hipóteses de escolha.
Se, por mais que puxe os pelos de trás das orelhas, já não consegue esconder essa careca.
Se o seu clube só lhe tem dado desgostos e não augura nada de bom para a nova época.
Se contava aparecer na lista num lugarzito jeitoso e, afinal, nem no fim.
Se, apesar de todas as evidências, ainda acha que é uma inteligência mas ninguém reconhece o seu valor

Evite afogar as suas mágoas em álcool
Evite intoxicar-se com maços e maços de tabaco mal cheiroso
Evite a tentação de espalhar anónimas frustrações pelas caixas de comentários dos “Blogs”

Quer mesmo um conselho de amigo (apesar de não o ser)?

Pois então:

Vá jogar SU DOKU que isso passa


António Moreira

Friday, August 12, 2005

Então é assim em Agosto?


Publicado no SEDE em Agosto 12, 2005

Foram mesmo todos de ferias?
E eu fico aqui sozinho, a tomar conta da SEDE?
Nem sei onde estão as bebidas….
Será que o frigorífico tem chave?
E as listas?
Onde estarão as listas?
Cuidado….
E se vem alguém bater à porta?
Como é que eu sei se é dos “nossos”?
Será que a direita também foi de férias?
E se aparecem por aí os blasfemos (ou a inkoerente e aquele arquitecto meio tótó que agora não me lembro o nome)….?
E se me aparece por aí o JM?
Esse nunca pára… (apesar de estar mesmo a precisar de férias….)

Está decidido, vou para a janela…
AMNM

Monday, August 08, 2005

O Aeroporto de Lisboa

(Publicado no Sede em Agosto 2005)

Algumas perguntas:

Alguém acha que Lisboa (cidade e Região) deve ser servida por um aeroporto?

A ser assim esse aeroporto deve situar-se na Portela (onde já está) por alguma razão ou conjunto de razões ponderosas ou apenas porque já está lá?

Caso não existisse o aeroporto da Portela e fosse necessário um aeroporto para servir Lisboa (cidade e Região) alguém acha que o mesmo devia ser construída na Portela ou talvez um pouco mais longe da cidade?

Quanto valeriam os terrenos actualmente ocupados pelo aeroporto da Portela, caso pudessem ser urbanizados segundo um plano que merecesse um consenso maioritário?

Será que esse valor seria suficiente para construir, de raiz, um aeroporto equivalente (se não melhor) numa localização mais adequada, ou seja mais afastada da cidade?

Caso se optasse por construir um aeroporto numa localização mais adequada, ou seja mais afastada da cidade, qual seria a área de influência do aeroporto, em termos de valorização de terrenos, medida, por exemplo, em quilómetros quadrados?

Qual seria então a valorização total que essa área de terrenos iria sofrer com a construção do aeroporto?

Será que esse valor seria suficiente para construir, de raiz, um aeroporto equivalente (se não melhor) nessa localização mais adequada, ou seja mais afastada da cidade?

Estas seriam algumas, com certeza as primeiras, perguntas que eu gostaria de ver respondidas nos tais estudos que, ao ritmo do batuque do Pacheco Pereira, tem vindo a ser reclamados insistentemente em tantos “blogs”.

Talvez então se tornasse claro se estamos a esgrimir “partidarices” ou a falar, seriamente, de investimento público.

Eu não tenho respostas para estas (e muitas outras), perguntas.

A única certeza que tenho é que a esmagadora maioria dos que tem montado e alimentado esta campanha anti a “OTA e o TGV” e o “TGV e a OTA” (fazendo lembrar o Mário Soares dos bons tempos com a Vidigueira e o Alvito, o Alvito e a Vidigueira) sabem tanto, ou menos, do que eu (apesar da pompa com que esgrimem números e gráficos).

E, no entanto, é vê-los ufanos e alegres, cheios das suas certezas.(otários….)

António Moreira

Se calhar…., ou o cheiro das bolachas

(Publicado no Sede em 08-08-2005)

Numa rua estreita no centro da cidade, sobrepondo-se aos fumos e ao cheiro dos combustíveis, queimados pelos transportes, públicos e privados, que se comprimiam tentando chegar à estreita ponte, cheirava-se, durante todo o dia, um delicioso aroma a bolachas, a bolachas fresquinhas, acabadas de fazer…
Alguém se lembra?
Hoje, por força do Metro, já não se faz, por essa rua estreita, o trânsito a caminho da outra margem, mas também o tal cheiro a bolachas, permanece apenas na memória dos mais antigos, pois a fábrica de bolachas que lá existiu por tantos anos, há muito que mudou de poiso ….
Não me consigo lembrar do nome da fábrica, ou da marca das bolachas (decerto alguns com melhor memória a identifiquem de imediato), por isso não posso afirmar com certeza que o que segue é realidade ou, apenas, um faz de conta.
Mas, mesmo assim, apetece-me fazer o exercício de tentar adivinhar o que se terá passado:
Então, se calhar….
Se calhar um dia, os proprietários da tal fábrica de bolachas, olharam à sua volta, olharam para os livros, atenderam aos lamentos de clientes e fornecedores, fartaram-se das pressões, vistorias e multas e entenderam, finalmente, que para fabricar bolachas não era necessário, nem sequer acrescentava valor, estar localizado no centro do Porto.
Se calhar, os proprietários da tal fábrica de bolachas, entenderam enfim que as vantagens que decorriam do facto de a fábrica se situar no centro da cidade tinham, há muito, sido suplantadas pelas desvantagens decorrentes dessa mesma localização.
Se calhar, os proprietários da tal fábrica de bolachas, ouviram a geração mais nova e verificaram que o valor da localização tão central na cidade, da sua fábrica de bolachas, era, afinal, muito superior ao valor necessário para adquirir um terreno adequado, numa localização mais adequada e devidamente infra-estruturada para a actividade industrial e aí montar uma nova fábrica de bolachas equipada com os mais modernos equipamentos e dotada de facilidades logísticas que iriam tornar a vida mais fácil e mais rentável quer a eles quer aos seus fornecedores.
Se calhar então, os proprietários da tal fábrica de bolachas, tomaram a decisão mais adequada do ponto de vista económico.
Se calhar, após muitos estudos e analisadas as diversas opções possíveis, adquiriram, por um preço adequado, um excelente terreno, numa zona suburbana com as características e as infra-estruturas mais adequadas ao seu tipo de actividade, e onde, ainda por cima, verificaram poder tirar partido de atraentes incentivos a este tipo de investimentos.
Se calhar então, construíram uma nova fábrica de bolachas com as características e os equipamentos optimizados para as realidades actuais e para o que se previa seriam as tendências futuras deste sector de actividade.
Se calhar de seguida transferiram a actividade das anteriores para as actuais instalações.
Se calhar, finalmente, venderam as antigas instalações a um promotor imobiliário, ou promoveram, eles próprios o seu aproveitamento imobiliário (de acordo com o que um qualquer PDM em vigor na altura, estabelecia para a localização da antiga fábrica).
Se calhar toda esta operação foi planeada e executada com um eficaz enquadramento financeiro e económico de forma a que, no final, a riqueza dos proprietários da tal fábrica de bolachas era muito superior à anterior.
Se calhar a qualidade das bolachas é agora muito superior, dada a melhoria das instalações e equipamentos destinados ao seu fabrico.
Se calhar agora a rendibilidade do negócio das bolachas é muito superior dada a melhoria na qualidade do produto, mas também nos meios logísticos e outros fundamentais ao desenvolvimento do negócio.
Se calhar agora a vida na zona da cidade onde se situava a antiga fábrica é muito mais agradável para todos dado, em vez de uma unidade industrial, ali se verificar agora o tipo de ocupação que os urbanistas entenderam que era mais adequado e que, fruto desta “deslocalização” foi possível implementar.

Mas afinal, isto vem a que propósito?
Sei lá, será talvez por ser Agosto, será talvez por me parecer estranho todos terem a mesma opinião ao mesmo tempo e assim nem valer a pena as coisas serem discutidas, ou será talvez por me parecer que é mais fácil a alguns chamar logo OTÁrios a outros que discutir seriamente os assuntos.

Sei lá...

António Moreira

Friday, August 05, 2005

Sabem como se come um elefante?

(Publicado no Sede em 05-08-2005)

É fácil, um bocadinho de cada vez.

Também funciona com dois, mesmo se brancos…
Vamos então navegar em contra corrente, pegando num assunto que já foi aqui aflorado, mas agora para o analisar segundo uma perspectiva que vai ao arrepio de algumas posições já aqui expressas e que, nesta altura, são quase universalmente consensuais na “blogosfera”.
Trata-se então da OTA e do TGV, por tantos já tratados como se fossem as grandes obras do regime ou como se o caixão que alguns já quase encomendaram para este desgraçado país estivesse apenas à espera que lhe fossem pregados estes dois últimos pregos.
É claro que não surpreende ver todos os opositores ao actual governo a bater na mesma tecla, afinal nesta santa terrinha, entende-se que fazer oposição é só isso, estar contra tudo o que faça o poder, nem que se tenha que, alternadamente, defender tudo e o seu contrário.
Nem me surpreende ver esta unanimidade na “blogosfera”, enxameada de opinadores da direita ressabiada (embora alguns gostem de se auto classificar como “liberais”), a qual encontrou nos jornalistas com o “rabo mais pesado” uma conveniente caixa de precursão, numa relação promíscua que tão bem serve as duas partes.
Agora o que me surpreende é ver pessoas cuja opinião eu tanto estimo, aqui e noutros espaços, alinhar pelo mesmo coro de críticas, quando me parece que a análise não será tão directa.
Primeiro que tudo, penso que a análise a estes projectos não deve ser reduzida a uma simples querela partidária nem, muito menos, a uma batalha da, eterna, “guerra” Norte-Sul.
Seguidamente, devemos reconhecer que, quer os tais pretensos “liberais” queiram, quer não, a nossa economia é um pesado comboio que só se move quando puxada pela mesma locomotiva de sempre, o INVESTIMENTO PUBLICO.
Infelizmente, tirando poucas excepções, não existem, em Portugal, empresários dignos desse nome, pelo que, independentemente de quem governa num dado momento ser mais ou menos de direita, mais ou menos “liberal” a receita para, ao menos, manter os portugueses entretidos e haver uma ilusão de que algo a nossa sociedade produz tem sido e vai continuar a ser o INVESTIMENTO PUBLICO.
Ora são as Auto-Estradas, ora são as Capitais Europeias da Cultura, ora são as Expo98, ora são os Euro2004, ora é o Metro do Porto, o que é um facto é que, desde a nossa entrada na então CEE, essas tem sido as locomotivas da nossa economia.
É evidente que sempre se foi conseguindo atrair algum bom investimento externo, como o caso da Auto-Europa (e prometo não falar, por enquanto, daquela famosa plantação de morangos com que íamos invadir a Europa….) mas tal nunca foi suficiente, pelo que o fundamental foi sempre a execução de GRANDES OBRAS PÙBLICAS.
É evidente que podemos e devemos discutir prioridades.
Devemos discutir porque se fazem estas e não aquelas, porque não se constroem então Hospitais, Escolas, sei lá, tanto do que ainda nos falta para sairmos deste vergonhoso estádio de sub-desenvolvimento.
Mas então, agora deu-lhes para a OTA e o TGV, pelo que devemos então tentar fazer uma análise a estes dois investimentos começando já por evitar um primeiro erro:
Enfiar os dois no mesmo saco.
Depois, então, deve-se evitar um segundo erro:
Comparar a valia desses investimentos com outros anteriores.
(nomeadamente se estivermos tentados a pensar no tal “investimento” feito em 10 Estádios de Futebol.)
Os erros anteriores tem que deixar de ser a eterna justificação, para a sua repetição, pelos mesmos ou por outros responsáveis.
Continua…
AMNM

Wednesday, August 03, 2005

Nos Jornais - "Aliados em obras no Verão"

(publicado no Sede em 03/08/2005)
É desta forma desesperada que a Manuela DL Ramos (a quem devemos também os “Dias com Árvores”) nos chama a atenção, no “blog” Aliados, para este ESCÂNDALO que, sem qualquer VERGONHA, mas com o maior DESCARAMENTO, a Câmara Municipal do Porto, através da sua “testa de ferro” Empresa do Metro do Porto, pretende "requalificar" a Avenida dos Aliados ao arrepio da vontade dos portuenses e ao arrepio da Lei (apesar de alguns "disparates" que se vão por aí escrevendo).
Se ainda fossem precisas mais evidências para demonstrar a prepotência com que Rui Rio entende o exercício do seu cargo de presidente da CMP, a hipocrisia dos presidentes de outras Câmaras Municipais, militantes do PS, que integram também a administração da Empresa do Metro do Porto e a ineficácia das formas de participação cívica, tentadas neste caso, este ESCÂNDALO seria mais do que suficiente.
Num dia estes senhores, Valentins, Rios, Menezes, com a conivência de uns, caladinhos, Narcisos e Almeidas, indignam-se com os (se calhar desajeitados) recados de um ministro pelas “derrapagens” e pela UTILIZAÇÂO DESPUDORADA das verbas do METRO DO PORTO como se fosse um mero SACO AZUL onde se vão buscar as verbas (e a “agilidade descomplicada”) para fazer obra que pouco ou nada tem a ver com o METRO.
No dia seguinte e ao arrepio de todas as noções de BOM SENSO, ÉTICA e RESPEITO pela Cidade, pelos cidadãos e pelo País, aparece aquela peça a anunciar :
"Calculo que podemos adjudicar a obra nos Aliados ainda em Agosto. Depois, são três meses de obras", esclareceu, ao JN, Oliveira Marques, presidente da Comissão Executiva da Metro do Porto.”
Esta “requalificação” da “Av. dos Aliados” é necessária, com esta dimensão e desta forma, por causa de uma entrada para uma estação do Metro (que, se calhar, nem devia existir)?
Afinal o Ministro tinha ou não razão em dizer o que disse?
Vai ou não acabar-se com a forma escandalosa como tem vindo a ser gerido o processo “Metro do Porto”
Sr. Primeiro Ministro
Sr. Ministro das Obras Públicas
Caro Dr. Francisco Assis
Meus caros amigos militantes do PS
Isto é assim?
Isto pode ser assim?
Vocês vão permitir que isto seja assim?
Muito mais importante que "uma mão cheia" de votos, ganhos ou perdidos, na região do Porto.
Muito mais importante do que analisar o que esta ou aquela forma de actuação pode afectar, positiva ou negativamente, a candidatura à CMP ou a outras câmaras da região, é a defesa da Cidade do Porto e da sua, emblemática, Av. dos Aliados.
É a defesa da Seriedade, da Ética e da Legalidade, em suma, A defesa dos fundamentos da DEMOCRACIA
E que não haja receios excessivos, mesmo que eleitoralmente uma actuação firme e correcta neste caso possa afectar negativamente o PS, isso será apenas de forma temporária e localizada na área de influência destes "senhores".
Ninguém tenha dúvidas que, como eu, o resto do país ao ver aquelas imagens daqueles Srs. Presidentes de Câmaras da nossa Área a passear no Metro, lembrou-se imediatamente de um qualquer episódio dos "Sopranos".
AMNM

Cá estou eu

Fui convidado para colaborar, escrevendo, aqui no SEDE.
O facto de alguém ter lido alguns dos meus escritos, em “posts” noutros “blogs”, ou em caixas de comentários aqui ou noutros locais e, ainda assim, entender convidar-me para escrever no seu espaço é de uma amabilidade que, muito francamente, me surpreende.
O facto de esse convite ser feito apesar de serem conhecidas algumas das minhas opiniões, as quais, em tantas áreas, são, não apenas diferentes, mas até conflituantes com as que são defendidas por quem me convida.
O facto de insistirem no convite, após a minha relutância inicial, e de me garantirem total liberdade, apesar de se tratar de um espaço de cariz assumidamente partidário, merece, a minha admiração e reconhecimento.
Mas, não foi por admiração ou reconhecimento que aceitei, mas sim por interesse.
Aceitei porque me interessa ter um local onde possa escrever com a esperança que alguém leia.
Aceitei porque me interessa ter um local onde possa escrever sem ser sujeito a censura prévia, mas onde quem discorde (ou concorde) o possa fazer em comentário.
Aceitei porque me interessa ter um local onde possa escrever e ter a esperança de influenciar quem “pode fazer a diferença”.
Aceitei enfim porque, apesar de combater o sistema partidário a que tantos insistem em chamar “democracia” representativa, tenho a maturidade suficiente para compreender que (ao menos no meu tempo) vai ser com este sistema que a sociedade vai ser gerida e que, por isso, (conforme já referi em comentário) devo tentar influenciar, aqueles que me pareçam mais capazes de encaminhar a sociedade no sentido que, a mim, pareça mais acertado.
Alguns dos que me interessa influenciar escrevem aqui e outros, possivelmente, lêem o que aqui se escreve, uns comentarão, outros não.
Umas vezes conseguirei influenciar alguém, outras, serei eu o influenciado.
Mas, acima de tudo, aceitei pelo gozo de escrever, de participar, de discutir, de provocar.
Em suma, pode não servir para mais nada, mas, se for agradável para mim e, talvez para uns poucos mais, já vale a pena.

Enquanto for agradável, para mim e para os outros “Sedentos”, cá estarei :-)

Obrigado.
António Moreira